Hoje viemos comemorar os nossos dois anos de casamento no civil em um lugar que está no topo da gastronomia japonesa: o Ise Sueyoshi, em Minato, Tóquio. Reconhecido por muitos como o melhor restaurante do Japão, o Ise Sueyoshi é um exemplo de como a culinária pode ser, ao mesmo tempo, arte, cultura e narrativa.
Desde 2016, apenas um ano após a sua inauguração, o restaurante começou a receber prêmios importantes. Ao longo dos anos, quase todos foram seguidos de novas distinções, até alcançar em 2024 o título de nº 1 do Japão, nº 2 da Ásia e nº 12 do mundo, no TripAdvisor Travelers’ Choice Best of the Best Restaurants.
O restaurante trabalha com a tradição do kaiseki (懐石), a alta gastronomia japonesa que valoriza os ingredientes sazonais em menus de várias etapas. Mas o estilo aqui é ainda mais especial: o kappo-kaiseki (割烹懐石). Kappo significa “cut and cook” — cortar e cozinhar — e representa um formato mais intimista, em que o chef prepara os pratos diante dos clientes, explicando cada detalhe.
O espaço é pequeno e exclusivo: apenas cinco assentos no balcão, em frente ao chef, e uma sala reservada para mais cinco pessoas. Reservas são essenciais.
O chef Yuuki Tanaka começou a cozinhar aos 4 anos, inspirado pelo pai, que comandava o restaurante Sueyoshi na província de Mie. Mais tarde, estudou culinária em Tóquio, trabalhou em casas renomadas como o tradicional Kikunoi, e depois viajou o mundo para aprender em diferentes cozinhas. Essa trajetória formou uma filosofia única: respeitar as raízes de Mie, valorizar os produtores locais e transformar cada prato em uma história.
E o mais bonito é como ele faz isso acontecer: Tanaka entrega a cada cliente um livrinho ilustrado em inglês, com fotos e descrições dos ingredientes e produtores — agricultores, pescadores, caçadores. É uma forma de mostrar que a refeição não é apenas entre o chef e o cliente, mas um elo que conecta muitas vidas.
Nosso jantar foi o menu de outono 🍂. Alguns dos destaques:
- Figo frito no dashi (Sakizuke).
- Sashimi de sawara e atum de Ise (Mukozuke).
- Hot pot de baiacu com bolinhos de peixe-baiacu (Nimono).
- Carne de veado com cogumelos Daikoku (Yakimono).
- Bolinhos da lua – Tsukimi Dango – de lagosta de Ise, abóbora e amêndoas (Shiizakana).
- Arroz Koshihikari de Iga com Wagyu de Iga e sopa de missô vermelho (Meshi).
- Sobremesas lunares: pudim de chá verde e mizu-yokan em formato de lua (Kanmi).
Foram mais de dez tipos de saquês, cuidadosamente harmonizados com cada prato. Um dos copinhos trazia até a ilustração de um coelhinho, referência à lenda japonesa do coelho que vive na lua preparando mochi.
Para completar, além da cozinha impecável, o chef Tanaka é extremamente simpático. Ele já passou por São Paulo em um festival de saquê e falou com carinho do Brasil.
O Ise Sueyoshi é mais que um restaurante: é uma viagem cultural, histórica e sensorial.